segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Moraliddes Brasílicas: Deleites sexuais e linguágem erótica na sociedade escravista


Baseado no texto de Ronaldo Vainfas da coleção HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA NO BRASIL (VOLUME 1) - Cotidiano e vida privada na América portuguesa.

O autor mostra-nos o quanto o sexo era apreciado e reprimido na colônia portuguesa americana e recorre a fontes inquisitoriais, com denúncias de abusos e práticas sexuais condenadas pela igreja, como adultério, fornicação, sodomia, etc.

A partir destas denúncias conseguimos adentrar na privacidade sexual daqueles habitantes, sempre contrastando o publico e o privado.
Vimos o quanto as crenças religiosas ditavam o cotidiano da colônia e o quanto a igreja tentou legitimar a cristandade romana nos moldes europeus.

A sexualidade dentro das casas ocorria de forma quase explícita, devido a precariedade das construções( brechas e espaçamentos nas portas, quando havia portas). Os cômodos davam uns para os outros, o que permitia o acesso irrestrito dos moradores a todos os lugares da casa. Não havia um senso de privacidade da parte dos colonos.

Não são poucas as denúncias de flagras em matas, rios e outros lugares publicos. O autor ainda explica miscigenação e as relações de poder no sexo. Senhores que abusavam deliberadamente de seus escravos e índios, o que explica a diversidade étnica no Brasil e os muitos preconceitos ainda existentes a essas mesmas raças.

Havia na colônia um dualismo esacerbado: os colonos estavam entre o santo e o profano, entre a castidade e o sexo "livre". Existem relatos de casais que durante a cópula se utilizaram de crucifixos e outros amuletos religiosos. Isto representava um grande desrespeito com a igreja, diziam os inquisidores.

Ao lermos o texto temos uma leve impressão de que a colônia portuguesa era um lugar propício para as práticas sexuais. Gilberto Freyre diz que antes de civilizar-se, a colônia sifilizou-se primeiro. Desse modo, ele enfatizou a grande frequência da prática sexual na colônia.

Não havia lugar específico para copular. O sexo era feito nas redes, camas, engenhos, matas, casas, rios e até mesmo na igreja. Gregório de Matos ou boca do inferno denunciou a hipocresia existente dentro dos conventos daqueles dias em seus poemas.

Concluímos que a sociedade colonial vivia entre dois sentimentos: agradar a Deus através de uma vida bem religiosa e agradar a carne, negando os princípios morais de sua fé e estando, portanto, sob grande contradição.

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