terça-feira, 1 de novembro de 2011

A Escola dos Annales: Uma nova Maneira de Ver a História


Esta foi a primeira publicação a narrar a história do movimento surgido na França. O subtítulo da obra( a revolução francesa da historiografia) é um indicativo da importância deste movimento. O livro foi traduzido para o português e publicado no Brasil em 1997.

"A história é Filha de seu Tempo"- Lucien Fevbre.

Para entendermos o movimento de renovação do fazer historiográfico, precisamos nos situarmos no contexto vivido pelos fundadores da Revista.
Havia a necessidade de uma História nova, mais totalizante. O antigo regime da produção histórica estava sendo criticado por grandes nomes do pensamento e de vários setores da ciência. O próprio conceito de ciência já vinha sendo discutido, guerras estavam acontecendo e por acontecer. Enfim, diversos fatores levaram a uma reflexão sobre o papel da História e suas fronteiras.

O objetivo principal da revista dos Annales era o enriquecimento do fazer historiográfico
. Surge em 1929 na França e foi dividida em três fases:

Primeira: de 1920-45, Gurrilha contra a história tradicional. Com Fevbre e Bloch.

Segunda: de 1945-68, pós segunda guerra mundial, elaboração de novos conceitos e métodos. Com Braudel.

Terceira: de 1968-89, fase mais fragmentada ou pluralizada. Com Le Goff entre outros.

Proposta: Interdisciplinaridade das ciências Humanas.

" Historiadores sejam geógrafos, jurístas, sejam também sociólogos e psicólogos"(Lucien Fevbre)

Proposta do livro de Peter Burke: descrever ,analisar e avaliar os Annales, desmestificando o esteriótipo de uniformidade entre seus membros. Busca também compreender o mundo francês daqueles dias, como a prática do historiador para os cientistas sociais.

A história fixou-se por muito tempo a estudar a Política( guerras, monarquias, etc),como preocupou-se em registrar os feitos dos grandes heróis nacionais. A partir do século XVIII críticas começaram a surgir a essa metodologia. Voltaire não popou suas palavras para tal.

Do mesmo modo no século XIX. Herbert Spencer, Durkheim expressaram seu descontamento para com a proposta dos historiadores. Além do que o paradígma marxista acentuou ainda mais essa discussão.

Os historiadores foram acusados de cultuarem a Política, os indivíduos e o tempo. Então percebemos que tudo estava caminhando ou obrigando uma renovação da maneira de se ver a história e de como produzí-la.

Será que podemos afirmar que os Annales foram um Paradigma? E se foi ,Em que sentido? José Carlos reis em seu livro A história entre a filosofia e a ciência aborda essas questões.

É melhor que chamemos esse movimento de O Programa dos Annales, pois se houve paradigma nos annales não foi apenas um, mas vários. Cada fase possui uma característica bem peculiar. A primeira e a segunda fase dão continuidades aos pensamentos de seus membros. Porém é na Fase de Braudel que de fato o movimento toma cara de escola. A Terceira fase é a mais complexa de determinar, pois de certa forma houve uma banazilação com a proposta do movimento, que pretendia estudar o todo e que acabou estudando tudo.

Alguns dizem que a única coisa que os unia era o desejo da interdisciplinaridade. Como Burke mesmo diz: Depois dos Annales a história nunca mais será a mesma. É o que podemos afirmar. o MOVIMENTO TROUXE MUDANÇAS SUBSTANCIAIS.

Podemos enumerar o programa dos Annales da seguinte forma:

1- interdisciplinaridade;
2-Novos objetos de pesquisa;
3-História problema;
4-Novas concepções de tempo e fontes históricas.

Numa perspectiva Global vemos a receptividade às idéias do movimento ocorrendo de formas diversas.Houve simpatizantes na Bélgica e Grã- Betanha, Itália e Polônia. Na fase de Braudel houve uma grande influência nas produções historiográficas, graças a traduções de sua obra "O Mediterrâneo" para vários países da Europa.

A Alemanha só dará atenção ao movimento na década de 1970, até então estava muito ligada a Política. Assim como a Inglaterra, que se recusava a tomar emprestado as idéias do movimento.Os ingleses eram aversos as idéias de conjunturas e mentalidades coletivas. Isso não quer dizer que ingleses como Hobsbown, marxista inclusive, não saudássem algumas de suas idéias.

Historiadores da África não demonstraram entusiasmo nos novos métodos. Na América e na Ásia a situação foi ainda mais grave.

A priori,na França, o número de geógrafos que se interessavam pelas idéias dos Annales era maior do que o de Historiadores.

É importante salientar que paralelo ao movimento dos Annales outros movimentos também surgiram, que foram em grande parte insucessos. Então o que explicaria o sucesso deste movimento? Seria o investimento na pesquisa por parte dos governos ou as duas guerras que ocuparam os alemães, grandes historiadores também?

Concluímos que o Espírito dos Annales era a revolta contra os acontecimentos políticos nos moldes do antigo regime historiográfico. Objetivavam a construção de uma nova história, sem fronteiras, que problematizava, que fazia pensar.Que bebe das mais diversas fontes do conhecimento humano.

Recomendo que leiam o livro de Peter Burke e espero que esta postagem ajunde na compreensão do mesmo para aqueles que ainda não leram.

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