quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Estruturas Eclesiásticas da Idade Média



Objetivo:
Compreender quais foram as causas que impossibilitaram a teocracia ser implantada pela Igreja na idade média



[...]” Num primeiro momento,a organização da hierarquia eclesiástica visava à consolidação da recente vitória do cristianismo. A seguir, a aproximação com os poderes políticos garantiu à Igreja maiores possibilidades de atuação. Em uma terceira fase, o corpo eclesiástico separou-se completamente da sociedade laica e procurou dirigí-la, buscando desde fins do sec. XI erigir uma Teocracia que estava em via de se concretizar em princípios do sec. XIII.[...]”(P.67)

Assim como nos outros textos, Hilário Franco irá trabalhar o início, a ascensão e a queda de determinadas estruturas medievais. O autor começa seu texto ” estruturas Eclesiásticas”, mostrando como a igreja católica foi ganhando a forma que tem hoje. Ele chama a igreja de “herdeira do império Romano”, forma essa que a própria igreja se autodenominava .
A igreja foi a responsável por conciliar ou unir o mundo europeu fragmentado , deixado pelo caído império romano. Com status de propagadora da doutrina dos apóstolos, a igreja conseguiu ascender político, social e economicamente numa velocidade impressionante. Cada vez mais afastada da sociedade laica, a igreja ganhava prestígio e respeito de toda a sociedade medieval.

O autor nos mostra que ao englobar ou assimilar a cultura e crenças de povos não cristãos, a igreja cresceu com facilidade. Todavia, preparou para si mesma uma grande armadilha: o surgimento das Heresias. Estas acabaram por permitir a organização da estrutura eclesiástica, graças aos dezenove concílios ecumênicos realizados pela mesma.
A “santa” igreja ganhou tanto poder que sua imagem acabou confundindo-se com a própria Roma. Pois sua sede era em Roma, sua hierarquia era como a de Roma. Uma estava inseparável da outra.

A princípio a igreja estava sob a autoridade dos reis, que lhe doavam terras e legitimavam sua função espiritual. Entretanto, a igreja forjou um documento, em nome de Constantino, em que este declarava à igreja todo o legado romano. Desse modo, a igreja nada devia às autoridades temporais, pelo contrário, aquelas deveriam obedecer as ordens de Cristo, Rei dos reis, através da Santa Madre.
Muitos fatores contribuíram para a rápida ascensão da Hierarquia eclesiástica, como a relação Igreja/ Estado, o surgimento dos Mosteiros( Beneditinos, de Cluny, Franciscanos, etc), a reforma Gregoriana, que ortogava ao Bispo de Roma, o Papa, “todo” o poder na terra.

Em relação a Teocracia, vemos já no período da alta idade média, com Carlos Magno, uma espécie de Teocracia, pois o imperador Franco não só desempenhava sua função temporal, mas acreditava ser responsável pela direção espiritual de seu povo.(P. 72)
A igreja passou a buscar fontes para legitimar o poder espiritual sobre o temporal. Recorreu às escrituras sagradas e aos pais da igreja, como Santo Agostinho, a fim de tirar a igreja das mãos dos leigos, que possuíam em suas propriedades congregações particulares. Onde tinham poder não só sobre as esmolas e dízimos, mas sobre os frades que ali trabalhavam.

O objetivo da igreja era obter autonomia e passar a dirigir a sociedade. Para tanto, ela estipulou a Paz de Deus e a Trégua de Deus, métodos intervencionistas capazes de conter as guerras, pelo menos em determinados períodos da semana e do ano.
Em contra mão destes artifícios, a igreja institui As Cruzadas, para combater os hereges e exterminar os infiéis mulçumanos. Na verdade, as Cruzadas deram a igreja ainda mais poder:

“Enfim, no séc. XIII estavam reunidas todas as condições para o exercício do poder papal sobre a comunidade cristã”[...](p.77)

Após a reforma Gregoriana, o Papa foi ganhando cada vez mais poderes, e passou a ditar a vida medieval em todos os segmentos e escalas imagináveis. Ele era infalível e inquestionável. Eis aí o monarca eclesiástico.



Então, o que teria impedido a implantação da teocracia cristã medieval?



Primeiro: a igreja passa a ser questionada por sua postura, ao envolver-se nos assuntos seculares. Ela deveria cuidar das coisas sagradas e espirituais. Sua autonomia incomodou não só os nobres, mas aqueles cristãos devotos que viviam em mosteiros. Estes criticavam a ostentação e o luxo dos Bispos.( havia dois cleros, um secular, responsável por questões políticas e administrativas e um clero regular, responsável por obras sociais e espirituais)
Segundo: as grandes contradições e escândalos vividos pelos religiosos.( viviam entre Deus e o diabo). Isso fez com que a igreja perdesse muito do seu prestígio.
Terceiro: o surgimento das Heresias e sua repercussão popular fez com que a igreja tomasse medidas drásticas, matando os hereges. Porém essas medidas não foram capazes de sanar os problemas. As heresias punham em xeque a igreja e a autoridade papal, atribuindo ao diabo toda a criação visível, inclusive a igreja e o papa( heresia cartaginense).As heresias se disseminaram no seio das massas e era irreversível seu quadro.
Quarto: as divisões internas fragmentaram o poder papal. A transferência da sede do bispo de Roma para Avignon prendeu a igreja em um cativeiro, dando aos franceses grandes aberturas no poder.
O Cisma do Oriente e a existência de dois e até três papas no poder simultaneamente enfraqueceu ainda mais a Igreja. A crise estava instaurada e a Reforma protestante foi a cartada final para fazer cair por terra as pretensões teocráticas da santa Madre Igreja Católica.

BIBLIOGRAFIA

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A idade Média, nascimento do Ocidente.São Paulo-Brasiliense,2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário