segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Cotidiano e a vivência religiosa na América Portuguesa


O texto a ser estudado pertence a Luis Mott e está na coleção HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA NO BRASIL :Cotidiano e vida privada na América portuguesa.

Luiz Mott procura durante o texto fazer uma analogia ou equiparar duas realidades do período colonial no Brasil, no que se refere a religiosidade: a vivência pública e privada da fé.

Ao se referir a vida publica, fala-nos da frequência que os colonos iam as missas. E a religiosidade privada ocorria dentro das casas. A vida espiritual daqueles era bem intensa e pontuada por uma lista de obrigações diárias sugeridas pelos padres para que os colonos se sentissem mais honrados e dignos diante de Deus. Na lista estava longas horas de orações e meditação, coletivas ou não, e por diversas vezes ao dia.

A igreja era o principal lugar de socialização da época. A vida daquelas comunidades gravitava em torno do templo e dos princípios cristãos. Mott afirma que os colonos viviam em constante duelo contra Satã, contra as paixões da carne, etc. A presença do santo e do profano estava em todos os lugares, até mesmo dentro das igrejas.

Algo bem interessante era a relação dos colonos com as imagens de seus santos, que se atendessem os pedidos de seus fiéis seriam honrados , amados e devotados. Porém quando contrariavam as expectativas do clemente eram maltradados e muita vezes postos de cabeça para baixo ou surrados.

Outro fator bem marcante da vivência religiosa privada é a reclusão das mulheres que decidiam-se pelo celibato e em suas casas casavam-se com o esposo divino, dedicando-se somente a fé. Muitas flagelavam-se com cilício e guardavam-se em silêncio.

A igreja romana exigia exclusividade de seus fiéis e não admitia cultos heterodóxos. Qualquer outra demonstração de fé, além da missa, era considerada heresia. Porém sabemos que muitas vezes a instituição calou-se diante das contradições que vivenciou. Tanto o catolicismo quanto as crenças afro devotavam os ídolos.

O ato de confessar-se aos padres também fazia parte da vida publica religiosa e provocava muitos escândalos, visto a incopostura dos sacerdotes, que desviavam-se das normas e expunham os confessantes ao vexame. O confessário tornou-se uma forma de manipular a sociedade, pois os colonos viam-se obrigados a participarem dos ritos ou caso contrário suas almas arderiam no inferno e seus pecados seriam jogados ao vento.

Os mais abastados possuiam capelas em suas casas, o que diminuia suas idas a igreja. Tinham altares no lar o que fazia com que suas esposas permanecem resguardadas dos olhares alheios. Concluímos, portanto, que a vida religiosa não se restringia a Igreja, mas o "fervor" era mantido dentro dos lares privados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário